quarta-feira, 30 de abril de 2008

A vida seguiu

O silencio da verdade foi o protagonista daquela historia.

O olhar. A fala. O toque. O cheiro. O beijo. O desejo. O tudo.

Alegria superficial de um romance criado na mentira.

Ele e ela criaram um amor inventado.

Uma ficção que combatia a solidão no escuro da noite.

Um conto para que ELES soubessem que a vida seguiu.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Sequestro

Sentei a margem do seu coração.

Entre trapos e farrapos mendigo um pouco de atenção.

E imploro que teu olhar seja humilde e veja a sinceridade que guardei pra você.

Suplico que o tempo mude a opinião que foi pregada junto ao meu nome.

Clamo com fervor para que o asco não o afaste com repulsa.

Religiosamente compareço na porta dos sonhos, com a certeza de quem sabe que, algum dia a permissão para entrar será concedida.

Na periferia do seu peito eu vago tentando encontrar aquela memória.

Caminho entre as suas emoções procurando marcar território.

Tento ressuscitar aquele amor.

Liberta-lo daquele sequestro.

Daquele cativeiro.

Uma cartinha simples e honesta

Tirou um papel amarrotado do bolso traseiro da calça. Desdobrou e leu a primeira linha da frase.
Fechou os olhos. Permaneceu no escuro por cinco segundos, e quando veio novamente à luz, olhou pela janela do quarto. Admirou o jardim.
Aquele contraste do verde com a cor das rosas vermelhas o enfeitiçava.
E especialmente naquele dia, contemplava aquela imagem com mais adoração. Naquele dia, aquela pintura significava mais do que ele podia sentir.
Com o coração disparado, voltou os olhos para aquele papel. E perdido naquelas linhas, deixou que as lagrimas caminhassem em direção ao chão.
O tum tum do coração cedeu àquelas palavras a musicalidade que cabia aquela escrita.
Era uma cartinha. Simples. Honesta. Uma declaração de amor.
Por trás daquela letra tremida estava a emoção de quem abria o coração.
Dois eu te amos foram gravados naquele papel. E com aqueles dois eu te amos, o autor tentava convencer o destinatário de toda a sua paixão.
Não tinha poesia. Nem carregava a arte dos grandes escritores.
Não trazia grandes arroubos apaixonados e nem prosa encantada.
O autor daquela declaração só foi capaz de escrever que a amava, que a desejava, o quanto ela era importante, e que, não sabia mais viver sem ela.
O autor só foi capaz de fazer um rascunho preto e branco. As cores, não sabia como te-las, mas torcia para que ela conseguisse ver a coloração de todo aquele amor.
Olhando mais uma vez aquele papel, releu aquelas frases. Dobrou. Guardou novamente no bolso.
Avançou em direção do jardim. E parando perto das rosas, escolheu o botão mais bonito e colheu. E, pronto para expulsar do peito aqueles eu te amo foi em busca dela.
Com uma tristeza aguda e no silencio do mundo, ele repousou a rosa e a carta na lapide que sugou o sorriso que lhe era mais belo.
- Eu te amo.

domingo, 27 de abril de 2008

Por que não O AMOR?

Um sopro devastante.

O fôlego aflito.

Respiração suspensa.

Diafragma disritmado.

Um temor justificado.

Impaciência diária.

Incompletude. Incoerência. Inconformismo.

Tudo é ausência.

Eterna espera e esperança de um vago Talvez.

Um quem sabe?

Por que não, um retorno?

Por que não O Amor?

sábado, 26 de abril de 2008

Cansei

Estou farta! Farta de ignorantes por opção.

Cansada de atitudes impensadas. De pessoas medíocres. De diálogos que transferem a culpa.

Cansei de pessoas que buscam respostas no mágico. Que vê em cada acontecimento a realização do alem. De uma fé que é mais do que impura. Que é maldosa e preconceituosa.

Francamente, basta essa ignorância que me rodeia diariamente. Basta! Não tolero essa desfaçatez inflexível que permeia no coletivo e semeia um pensamento obsoleto.

A inteligência e o raciocínio são capazes de responder essas asneiras que os tolos encontram para justificar as mazelas do mundo.

Não! Não é praga! Não é castigo! Não é carma! Não é destino!

É apenas a vida! A natureza!

E a sociologia, a psicologia, a estatística, a física, a química... Explicam tudo isso que causa tanto espanto aos ludibriados.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Natureza Humana

Algumas perguntas não têm resposta!

Será?

Ou será que as catalogamos nesse rol de indecifráveis compreensões, simplesmente por sabermos, que a única conclusão reside na máxima:

É a natureza humana!

Nas situações, nas atitudes, nos motivos, que nos torna carente em explicações, é melhor a ausência de entendimento a ter que encarar nossa face mais nefasta.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Que o amigo fosse namorado

Aos 17, conheceu o amor. Mas também experimentou a dor do desprezo.

A menina que tocou os lábios daquele menino quando ainda eram bons amigos, há exatos dois anos atrás, sentia agora, todo o peso que era amar alguém muito próximo.

É bem verdade que, adorava te-lo a todo momento por perto, mas, era também péssimo não poder sentir aquela pele a todo instante.

Aquela proximidade modelada em distancia tirava-lhe o sono.

Amar com tanto platonismo era pesado demais para quem tinha seus 17 anos.

Era muita emoção para pouca ação!

A menina sentia o perfume de muito perto.

Sentia o sorriso de muito perto.

Sentia o arrepio a todo instante.

E sentia o ciúme com muita proximidade.

Proximidade incomoda e má conselheira.

Ter que dividi-lo com o mundo era o fato mais ilógico e incompreensível que ela carregava na mente e no coração.

A menina nunca conseguia entender o porquê ele tinha que conviver com outras, e tantas outras, que não eram ela, mas que eram muito mais belas, e o tocavam de tantas formas que ela jamais conseguiu tocá-lo.

Era dor cortante. Visceral.

Um amor regado a lagrima.

Ela tinha vontade de prendê-lo dentro do seu quarto para nunca dividi-lo com qualquer que fosse.

Queria poder apreciar aquele sorriso, aquela fala, aquelas idéias, sem medo de te-lo roubado.

Ela queria poder invadir os pensamentos dele e expulsar as miragens que o afastavam dela.

Ela só queria que ele olhasse para ela. Ela só queria que ele descobrisse que com 17 anos era possível ter encontrado a alma gêmea.

Ela queria que o menino declarasse o mesmo amor que ela guardava a sete chaves naquele diário. Ela queria que o amigo fosse o namorado.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Difícil

Difícil é reencontrar aquela pessoa após tanto tempo e perceber que o sentimento não mudou.

Difícil é ficar sabendo que o sentimento dela mudou.

Difícil é ficar sabendo que as situações e as historias são tão diferentes que nós faz grandes desconhecidos.

Difícil é querer matar a saudades durante aquele encontro casual e não ter tempo.

Difícil é despedir-se e saber que rever aquele olhar será tão inusitado como aquele reencontro.

É difícil entender o quanto a vida muda, mas alguns sentimentos permanecem inalterados.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Não posso!

A pegou pela cintura.

Aproximou o corpo até que formasse um.

Percorreu a linha do pescoço dela com as pontas do dedo.

Fungou aquele perfume e se perdeu nos cabelos loiros dela.

Beijou-lhe o colo e mordiscou a orelha.

A fez arrepiar. A fez fechar os olhos.

A fez ficar paralisada.

Conduziu-a na dança da sedução.

E apos esperar que ela implorasse pelo corpo serviu sua boca calorosamente.

No instante que encontraram o ritmo perfeito, ele paralisou as atividades.

Afastou aquele corpo da pele dele.

E olhando nos olhos dela jorrou gemendo duas palavras incompreensíveis ao momento:

-Não posso!

domingo, 20 de abril de 2008

Desejo Popular

Neguei tão veementemente a verdade que acabei violando minha personalidade.

Escondi o melhor de mim.

Ocultei minha parte mais honesta.

Escondi meu sorriso mais belo. Minha fala mais suave. E meu olhar intenso.

Transfigurei meu ser em uma personagem insípida. Tão ao sabor e gosto dos que temem a diferença.

Era o desejo popular!

Alterei a essência apenas para não perder audiência.

Mas perdi o foco e arruinei a direção.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Até o proximo feriado

Final de semana com feriado à vista.

Dias de folga significam apenas uma coisa: fantasmas na cidade.

Com os velhos atores de volta ao palco, os esqueletos saem do armário. Sentam-se à mesa. Mostram a face e exigem a retirada das mascaras.

O mestre de cerimônia media os monólogos, cede à ordem e sentencia o castigo.

Palavras cortantes e demoníacas expelidas daquelas bocas tão amordaçadas ferem o ego de quem ousa mentir. Ferir é a exigência.

Todo o gás é expulso do pulmão pelo grito.

Lagrimas e xingamentos lançados nos corpos de quem quer manter-se oculto.

O cicerone domina todo o picadeiro. Atua e exige atenção. Decreta que os esqueletos se mostrem e se esfolem enquanto os fantasmas assistem ao espetáculo.

O cerrar da cortina só ocorre após o êxtase da dor e a apoteótica queda do orgulho.

Então, a carne da face é coberta novamente pela mascara.

Vestindo a famosa mordaça os fantasmas excêntricos são guiados a sua velha rotina.

Os esqueletos regressam ao armário.

A dor expurgada é aliviada pelo perfume do esquecimento.

Até o próximo feriado!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ridículo

Deu dois passos para trás.

Três para frente.

Olhou mais uma vez no espelho. Ajeitou a camisa.

Ridículo! Isso é ridículo!

Quem será que teve a brilhante idéia de dizer que devemos treinar na frente do espelho!?

É ridículo!

Mas é melhor treinar e ser ridículo diante do espelho do que improvisar e ser mais ridículo na frente dela.

Ele conferiu se estava sozinho no quarto. Conferiu se as janelas estavam fechadas. Aproximou-se novamente do espelho. Encheu o peito de coragem. E olhou aquela fisionomia tão conhecida...

Sentiu-se perdido. Desamparado. Ridículo.

Então é isso que ela vê quando me mostra aqueles olhos verdes?Esse rosto marcado pelo sol. Esses olhos profundos. Ela vê isso!

Coitada! Coitado de mim!

Ele fixou seu olhar naquela fisionomia melancólica e perdeu-se em pensamentos tristes, pensamentos solitários, pensamentos de rejeição.

Em um estalo voltou sua mente para ela. Voltou para o seu monologo.

Acho melhor treinar agora diante desse maldito espelho vendo o que de ridículo não poderei fazer!

Pelo menos saberei o que ela estará olhando quando eu disser que a amo.

Espero que não me ache mais ridículo do que vejo.

Acho que vou começar assim...

...

Sou um maldito covarde!

Nem no escuro. Nem sozinho. Nem pra mim mesmo consigo dizer o que sinto!

Franziu a testa.

Colocou as mãos no bolso.

Encheu o pulmão de ar.

Abriu a boca. E tentou mais uma vez.

...

Ridículo!

Fala seu besta!Seu merda! Fala agora!

Ninguém ta te vendo! Ninguém ta te ouvindo!

...

Mais uma vez encheu o pulmão. E lembrou daquele sorriso sempre emoldurado pelo brilho rosa daqueles lábios.

Eu te amo!

É...

Eu te amo. E já faz muito tempo.

Toda vez que te vejo meu coração dispara. Meu estomago se revira. E um sorriso nasce nos meus lábios.

Toda vez que escuto sua voz. Sinto seu cheiro. Toco sua pele. Fico com a sensação de que o mundo faz sentido.

Eu te amo.

Eu quero você.

Não posso continuar negando tudo o que sinto por você. Eu não consigo mais pensar em outra coisa... seu corpo, sua boca, seu olhar.

Espero que ela me interrompa bem nesse ponto, porque acho que não vou conseguir ficar diante dela muito tempo. Já estou suando. Morrendo de medo.

Medo de rejeição.

Se ela vier com aquele papo de apenas amigos será meu fim...

... como continuar amigo sem poder te-la?

Procurou afastar a idéia de rejeição e conferiu sua roupa, seu cabelo, e repassou os eu te amos.

Saiu do quarto. E foi em direção a casa dela.

Não teria tempo de repassar o que deveria dizer, afinal, ela era sua vizinha.

Suando nas mãos e quase sem pensar ele tocou a companhia da casa.

Aquele barulho agudo e nervoso transformou a ansiedade em taquicardia.

O barulho do outro lado da porta lembrou que já era tarde para mudar de idéia e sair correndo.

A fresta foi crescendo e ela surgiu. Sorrindo e linda.

- Oi Alê! Não foi na natação hoje?

- Não. Hoje, não.

- Que cara é essa!? Tá esquisito! Tá tudo bem?

-Tá... ta... é que...

- É que... o que?

- É... é...

...

- Vamos Alê, é o que? Desembucha!

- ... é...é... Me da um copo d água!

Covarde! Chega a ser imbecilidade essa covardia. Francamente! Um copo d água!

Copo d água... Era pra dizer eu te amo, seu idiota ridículo!

Seguiu ela até a cozinha. Sua cabeça empesteada de covardia procurava acalmar o estomago e disfarçar o nervosismo. E mais uma vez adiou a declaração.

Ainda imerso naquela covardia, assustou quando ela entregando o copo de água passou a mão no lado esquerdo do rosto dele.

Tão carinhosa. Tão afetuosa.

- Você é sempre tão tenso Alê. Relaxa um pouco. Sou só eu!

Tentou entender o que ela estava dizendo, e achou que talvez, seria esse o momento de dizer...

- Me dá mais água!

Covardia transpirava naquele corpo.

Amor. Paixão. Tudo muito intenso, mas insuficiente para vencer a covardia e o medo da rejeição.


sexta-feira, 11 de abril de 2008

Maldito moço

De passos duros e apressados ela se dirigiu até o guichê da companhia Viagem Bem.

O olhar assustado do funcionário de cara boba aumentava na medida da aproximação. Bem no meio daquela fisionomia nasceu o terror.

Espanto. Medo. Brotavam naqueles olhos.

Um pânico justificado. Afinal faziam apenas duas semanas que recuperou-se de uma surra de guarda-chuva que ganhou ao informar o atraso do ônibus a um casal de aposentados.

Após essa terça feira na qual apanhou dos dois velhinhos, qualquer pessoa que se aproximava do guichê, lhe fazia as pernas bambearem. O suar escorrer pelo rosto.

- Moço, a que horas sai o ônibus para Pralá?

Ele todo nervoso, olhou para uma pasta preta que estava bem a sua frente e procurou a informação. E conforme leu, ficou com mais medo.

Ele tímido. Dotado das maiores esquezitizes e profundamente incompreendido pela humanidade. Detestava aquele empreguinho. Detestava as pessoas. Detestava quando o inquiriam. Detestava que as pessoas descontassem nele a incompetência da empresa. Detestava saber que poderia apanhar de novo. Detestava ter olho roxo. Pernas e braços escoriados.

- O próximo ônibus para Pralá sai às nove horas.

- E o da sete e meia? To esperando ele e nada? Tá atrasado? Não tem mais?

- O da sete e meia já saiu, senhora.

- Mas como? Estou aqui desde a sete dessa maldita manhã e nada desse ônibus!

- Senhora, posso garantir que o ônibus desse horário já partiu.

- Mas como, moço? Eu to lá e não vi ônibus nenhum! Será que agora o ônibus ficou INVISÍVEL? Por que só pode ser isso! Eu já disse que lá não passou o ônibus.

- Senhora, como disse, o ônibus já saiu. O próximo só às nove horas.

- Mas moço... Não sou cega! Lá não passou e nem saiu!

-Senhora...

-Mas moço...

-Senhora...

Provavelmente continuariam no debate infinitamente.

Ela na teimosia convicta da impossibilidade do ônibus ter partido sem ela o ver. E ele, na repetição medrosa daquela afirmativa.

Sabendo que o ônibus já havia partido pontualmente as sete e trinta e que o próximo demoraria muito a chegar, ele não teve coragem de explicar o porquê dela nem te-lo visto.

Coube a um rapaz que esperava o termino daquele imbróglio esclarecer que o ônibus não era invisível...

- Moça, o ônibus realmente partiu pontualmente as sete e trinta, porem, houve uma mudança no local de embarque. A plataforma antes era a numero 4. E agora, 1! Por isso, minha senhora, você perdeu o transporte!

Ela com uma incredulidade infantil, olhou para o paspalho do funcionário, encheu a boca e declamou a mais bela palavra ao momento:

- IMBECIL.

Saiu batendo o calcanhar e foi sentar-se perto da plataforma 1 desejando que as horas passassem rápido. Desejando que o despertador do chefe tivesse quebrado. Desejando que o maldito moço morresse engasgado com a própria saliva!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Eu quero o beijo

Será que ele percebeu?

Eu tão calada. Encarando tanto!

E ele. Todo risonho. Todo simpático. Todo falante.

Mas o que será que eles falam?

Não consigo entender. Não consigo escutar.

Essa noite só consigo olhar para aquele rosto que insiste em sorrir e dizer palavras tão... Tão... Tão desconexas das minhas emoções. Tão distantes do meu ouvido.

Será que ele percebeu?

Encaro muito essa boca! E ele me provoca. Sorri e me olha. Me chama. Me pede atenção.

É. Ele percebeu!

Percebeu que essa noite eu quero mais do que esse dialogo. Mais do que essa social.

Quero mais. E muito mais daquela boca.

Será que ele vai me dar?

Não a palavra. Eu quero o beijo.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sujeito Normal

A vida é uma narrativa estática de acontecimentos medíocres!

Nossa! Obrigadu viu!
Será que sua filosofia barata não poderia ser mais amena? Afinal, estamos em pleno happy hour...
Por falar nisso, você lá sabe o que é happy! Francamente, tira a carranca e se torne um sujeito normal.
Toma essa cervejinha e fica mais leve.
Fale menos dessas suas bobagens e relaxe um pouquinho. Paquere as menininhas. Fale palavrão.
Sei lá, mas apenas hoje, não seja você mesmo!


Pobre do menino! Até parece que falei uma grande bobagem!
Como estamos sensíveis hoje!
Tá certo! Como o menininho está sensibilizado demais, eu, seu amado amiguinho do peito, vou beber essa cervejinha, relaxar. E claro, vou tentar manter a mesma normalidade que você tanto deseja! Prometo que vou tentar não te envergonhar hoje.
Vou beber. Falar palavrão. Relaxar. Paquerar. E não ser eu mesmo!
Vou agir como um sujeito normal. E esse será meu presente a você.
Mas se eu beber. Te chamar de meu amigo do peito. Dizer que te amo. Começar causos e não terminar. Se paquerar a morena que você está de olho. Negar que estou bêbado e ficar repetindo que estou bem... e blá, blá, blá!
Se lembre, foi você quem me pediu para agir assim!
Hoje, pra você, serei mais um sujeito normal afogando magoas no colarinho do chopp!

Satisfeito?

terça-feira, 8 de abril de 2008

O Casamento

Não!

Eu não senti nada quando o vi casando.

Nada. Nádica de nada!

Nem cosquinha!

...Só tristeza.


Como todo e bom casamento, a cerimônia daquele mês de junho atrasou. E o atraso foi fazendo o Noivo ficar nervoso, andando de um lado pro outro... Todo ansioso.

Ele, todo elegante posava de cicerone na porta da igreja. Forçava uma calma e tranqüilidade que apenas revelava o crescente nervosismo.

Nervosismo que misteriosamente lhe conferia um charme especial.
Mesmo sofrendo de crise pré cerimônia, ele não se esquecia da sua irritante cordialidade e atenção dispensada a ela, e que sempre a deixava tensa.

Segundo interpretação dos amigos, toda essa amabilidade e atenção despejada sob ela seria nada mais, nada menos que, sinônimo de amor.

Pelo menos, é o que dizem.

Pelo menos é o que todos viam.

Mas dentro de minutos esse cenário sentimental seria completamente alterado. Afinal o homem estava a um pé do altar.

Nem isso, segundo aqueles velhos amigos, poderia mudar realmente aquele sentimento.

Os amigos continuavam insistindo que sempre foi e, sempre será amor entre aqueles dois. Independente daquela palhaçada toda que ele armou.

- Ele casa para esquecer! Tenho certeza!

- Olha... Aquilo não é olhar que se dá para amiga! Tá devorando ela com os olhos!

- E a noiva... ! Aproveita que ela ainda não chegou e manda trocar agora de mulher.

-É melhor mesmo, senão depois tem que pagar advogado, pensão e terapeuta. Fica caro!

-Shiiiii... Parem! Vocês estão sendo maldosos.
Ele vai casar com aquelazinha e pronto! E vocês, por favor, sejam mais meus amigos e parem de ficar falando por ai que ele ainda é apaixonado por mim! Francamente, comportem-se.


Verdade ou mentira, se era ou não amor, não importava naquele momento.

Não importava as razões dele se casar, ou a quem ele amava. Naquele momento o que importava é que ele se casaria.


-Vamos ficar quietinhos para a noiva não nós escutar. Conformem-se vocês porque eu já me conformei... E nem o amo mais.

- Nós vamos nos comportar. Mas só até a festa...


Enquanto aquela música marcava o passo da Noiva, a Outra, perdida em momentos do passado tentava encontrar a justificativa para aquela cerimônia.

Procura justificativas e razões para a separação de dois anos atrás.

Aquele rompimento.

Aquela ultima briga.

O novo namorado.

A nova namorada.

As apresentações incomodas.

Os desabafos. O ciúmes.

A nova tentativa.

A nova separação.

O ódio amoroso.

O novo compromisso.

A visita. A noticia. O convite.

O que? Mas o que nos aconteceu?

Ela assistiu a esses momentos.
Esqueceu da cerimônia das Vinte horas do dia 6 de junho realizando-se na Igreja nossa Senhora do Rosário, e perdeu-se num desfeche insano que lhe fazia tremer. Segurava um sorriso que lutava para transformar-se em choro.


Sim.

Sim.

Na alegria. Na tristeza... Até que a morte os separe.

Marido e mulher.

Acabou. Qualquer esperança esvaiu-se no sim vomitado pelo noivo.

Todo o amor foi derrubado naquele altar.
A coadjuvante cravou o nome no personagem central.
O adolescente apaixonado sofreu a metamorfose.
Virou homem de família.

Mas paixão de adolescente nunca morre. Apenas dorme.

Quando não somos

Quando os seus olhos me encaram...

Quando sua boca procura a minha...

Quando suas mãos me desenham...

Quando seu cheiro me invade...

Quando você sorri...

Quando sua sinceridade transborda...

Quando as juras saltam da boca...

Quando o desejo respira...

Quando os corpos se encontram...

Quando os poemas fazem sentido...

Quando você se faz presente...

Quando somos,

A vida transpira harmonia.

Quando você se despede...

Quando a duvida se faz presente...

Quando a distancia invade e cala o corpo...

Quando mundo encolhe em escuridão...

Quando não somos um,

Somos lacuna sem expressão.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Naquele março

É impressionante, mas alguns acontecimentos da nossa infância nos deixam marcados de tal forma que nem conseguimos esquecê-los.

As sensações, os cheiros, os detalhes, tudo muito vivido. Tudo muito real.

E é assim, com a mesma riqueza de detalhes que eu recordo minha primeira lembrança de desgosto e rancor por aquela a quem deveria respeitar. É uma dessas lembranças que ficaram tatuadas na minha mente e por mais que eu faça é difícil não te-las como um “trauma”.
Recordo exatamente a raiva que senti dela. Lembro que naquele dia fui dormir chorando e jurando pra mim mesmo que nunca mais faria nada pra ela.
Essa foi a primeira vez que a deixei fazer com que me sentisse péssima.

Mal sabia eu naquela época que ela seria mestre em fazer eu me sentir um fracasso.

Na escolinha quando eu tinha por volta de 4 anos. Durante as aulas de arte, estávamos fazendo objetos de macarrãozinho, miçanguinha, e sementinhas. Fazíamos pulseiras, colares, brincos. Fazíamos colagem e o que mais fossemos capazes de inventar.

Era horrível o resultado, mas isso era o que menos importava porque nos divertíamos muito.
Nessa época passei a ter minha melhor amiga. Minha primeira amizade.
Claro que nas aulas de arte eu e ela éramos parceira. Criávamos juntas, dividíamos nossas idéias e riamos muito.
Num determinado dia, lembrei que era aniversario "dela" e eu e essa amiguinha resolvemos fazer um colarzinho pra dar de presente a ela.
Péssima idéia, porque se eu soubesse o que aconteceria, teria esquecido a data e assim não carregaria aquela sensação.
Como eu ainda não tenho uma maquina do tempo para alterar o ocorrido, levei o colarzinho pra casa. Coloquei numa caixinha com mais umas sementinhas que tinha sobrado, e fiquei esperando para presenteá-la.
Acho que se fosse outra mulher teria me aplaudido, mas ela não!
Naquela maestria de fazer qualquer um passar mal, ela olhou para aquilo...Eu ainda nem tinha entregado a ela!
Pegou na mão, perguntou quem tinha me dado, e a tonta aqui, com a fala simples de qualquer criança foi respondendo que foi a tia (foi a tia mesmo quem deu, mas quem fez era outra historia.)... E nem deu tempo pra falar que quem fez foi eu, ela já havia jogado no lixo. Disse qualquer coisa que não consigo lembrar exatamente. Só lembro daquela sensação! Cheguei a ficar com raiva da minha amiga, da nossa idéia, mas não era culpa minha. Como poderia ser culpa de qualquer coisa?
Pela primeira vez na vida senti que era desmerecida. Que o que tinha feito só servia para o lixo!
Não me interessa quem ela achava que tinha feito. Não interessa o que ela pensou. Naquele momento interessava o porquê ela estava recebendo aquilo.
Mas imagine se ela foi capaz de perguntar o porquê estava com aquilo. Ela só foi capaz de presumir que a professora tinha dado pra ela. Mas mesmo que isso fosse verdade ela não podia desfazer tão facilmente de uma gentileza.

Enfim, me lembro que foi ali, naquele momento, que pela primeira vez ela me fez chorar e me sentir um lixo.
Se eu soubesse que fazer me sentir um fracasso seria o hobby predileto dela, eu teria preparado melhor a minha blindagem.

Nossos atritos atualmente são crescentes. E eu não consigo parar de pensar naquele mês de março, onde pela primeira vez ela me mostrou o quanto desagradável era sua personalidade.

Aquele março foi apenas uma previa do que viria pela frente.

sábado, 5 de abril de 2008

Quando eles se conheceram

Naquele ambiente escuro, dominado pela musica barulhenta e fumaça de cigarros alheio, ela dançava sem se importar com toda aquela multidão.

Numa cadencia ritmada e única, marca registrada do gingado do seu corpo, ela atraia a atenção de um moreno baixo de olhar perdido.

Os olhos deles por duas horas e meia fitavam e procuravam decorar os gestos e as curvas dela.

Ela alheia a ele e presa nos olhos da dança apenas sentiu o braço ser tocado.

Imaginou que fosse o amigo e cedeu um espaço ao seu lado. Quando buscou com os olhos aquela feição conhecida deparou-se com o moreno se inclinado na sua direção.

Curiosa ficou olhando aquele rosto diferente e aproximou seu ouvido da boca dele quando ele fez sinal.

- Desculpa invadir seu espaço assim, mas é que eu precisava dizer que já faz umas duas horas que estou te olhando e descobri que você será a mulher da minha vida!

Ela franziu a testa e ficou encarando aqueles olhos escuros.

- Te assustei, né? Não era minha intenção. E não é presunção, eu apenas sei, você será a mulher da minha vida.

- Cara, você nem sabe meu nome! Como pode saber o que serei para você? Que cantada mais fraca!

- Não é cantada não. É afirmação. Eu apenas sei. E seu nome, por que não me diz e começamos daí?

Ela mesmo suspeitando das intenções do rapaz decidiu arriscar e encarar aquele jogo.

- Meu nome é Paty!

- O meu é Fábio! E para você já começar a me conhecer, vou te dizer uma coisa que eu gosto muito. Os seus olhos. Eu gosto muito.

- Fabio, desculpa, mas tenho que ir ao banheiro. Já volto!

- Claro! Sei! Me dá uma chance de te convencer. Deixa de lado essa desculpa de ir ao banheiro para fugir de mim. Deixa eu te mostrar que vale a pena me conhecer.

- Não. É sério! Eu realmente preciso ir ao banheiro. Me espera aqui que eu já volto.

- Vou acreditar, e vou esperar.

Descrente que ela fosse voltar ele ficou acompanhando o andar dela até que a perdeu no meio de tantos corpos e sombras.

Passados dez minutos de ausência. E sem esperança da volta dela. Ele virou o ultimo gole da cerveja e seguiu em direção a saída.

- Mas você ficou de me esperar! Imagine se eu não fosse a mulher da sua vida, provável que você tivesse desaparecido!

- Pensei que você não fosse voltar. Estava indo embora. É que você demorou.

- Como você desiste fácil. Não conhece fila de banheiro feminino? É sempre demorado!

E com um sorriso emoldurado pelo batom vermelho ela confirmou realmente que seria a mulher da vida dele.

- Prometo que foi a ultima vez. Daqui em diante, quando disser que te espero, esperarei não importa o quanto! Prometo.

- Cuidado heim, todas as promessas são quebradas! Não me faça já desistir de você!

- Nunca!

Ele estava se divertindo com a performance dela e daqueles olhares que ela lhe lançava. Tinha vontade de abraçá-la e ficar assim por muito tempo. Mas manteve a cautela, e procurou resistir ate ter certeza que não a assustaria.

Conversaram por muito tempo. Não perceberam que mais duas horas passaram-se. Que a multidão resumia-se a alguns corpos que ainda resistiam pela madrugada. Que os amigos os chamavam para irem embora. Que a conversa entre eles parecia confirmar que foram feitos um para o outro.

- Paty, nós estamos indo embora, você vai ou fica com esse cara?

- Vou com você Dani! Só vou me despedir. Me espera!

A carona dela os lançou a despedida. Com um beijo curto e rápido, penetrou aquele olhar. Buscou o ouvido dele e apenas disse:

- Me liga amanhã se quiser!

E o deixou. Parado. E apaixonado.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Descanse em paz

É difícil encontrar palavras que expliquem aquela sensação de vazio.

Talvez as palavras não sejam capazes de traduzir aquela dor.

O significado da ausência sempre ultrapassa a tristeza.

A saudade em alguns momentos confunde-se com infelicidade e resulta em lagrimas.

-Se ao menos você estivesse aqui.

Ser privado de sentir aquela pessoa ao lado.

Desejar apenas mais um olhar.

Tudo se transforma apenas em lembrança.

Uma lembrança que sempre estamos tentando manter nítida.

O que desejamos não é o fim da dor. Desejamos não esquecer.

Tudo para não esquecer aquele rosto. Daquela vida.

Tudo para substituir a imagem daquele corpo largado no caixão.

Tudo para manter a lembrança do que era.

-Descanse em paz... (nunca vou entender).


quinta-feira, 3 de abril de 2008

O valor da nossa amizade

Quando você precisou, eu estava aqui.

Quando na madrugada a dor nasceu no seu peito, eu estava aqui.

Quando te disseram palavras que te jogaram ao chão e encerraram sua moral, eu estava aqui.

Quando precisou de palavras exatas, palavras perfeitas, as únicas capazes de te dar conforto, eu estava aqui e sabia dizê-las a você.

Eu sempre estive lá.

Eu sempre tive tempo.

Eu sempre soube o que dizer.

Bastava que você precisasse e eu estava lá.

Bastava saber da sua necessidade que eu estava lá.

Mas quando eu precisei, apenas escutei: que é isso, está de TPM?! Por que está nervosinha?

Ai sim, entendi o que era esperar demais das pessoas.

Entendi que subestimei um coração gelado.

Entendi que esperei demais das amizades.

E aprendi a não contar sempre com pessoas que auto intitulam nossos melhores amigos.

Quando eu penso que já recebi rasteira suficiente, percebo que ainda é cedo para abaixar a guarda.

Quando eu penso no valor da nossa amizade me dá uma raiva ao saber da minha ingenuidade.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mais uma lembrança

Vivi um único amor.

Me mantive fiel a apenas um homem.

Mas experimentei muitas paixões, muitas bocas, muitos corpos.

E toda essa experiência perde o sentido quando reencontro aquele corpo que arranca das minhas entranhas o eu te amo.

Quando nossos corpos se unem toda a emoção do primeiro encontro renasce. E nesse instante nada é capaz de atrapalhar nosso êxtase. Nem o ciúme consegue destruir a nossa felicidade.

É apenas por alguns instantes que nos é permitido viver o que sonhamos.

Pela manhã nossos corpos já não se reconhecem. Nossa dança perde a cadencia. E as palavras assumem a forma de armas.

Só nos resta mais uma lembrança e cacos espalhados no chão.

Não sei

Não sei como fingir insignificância.
Não sei manter o fôlego durante a ausência.
Não sei esquecer o gosto mesmo sabendo da proibição.
Não sei sorrir a falsidade da emoção.
Não sei esconder a necessidade da pressa em visualizar sua pele.
Não sei esquecer aquela emoção.
Não sei manter a calma que me pediu.
Não sei esperar aquelas palavras juradas de outra vida.
Não sei encarar os olhos em outro personagem.
Não sei manter a verdade se está se tornou a mentira mais escandalosa que já contei.
Não sei como negar o eu te amo que me explode no peito.
Não sei como crer que realmente reescreveram outra historia.

Apenas sei a falta de ar, o pânico, a tristeza que venho experimentando durante a penitencia de não dizer seu nome.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Entre eles é assim...

Ela entrou pela porta do bar. Parou de frente pra ele e ficou esperando. Esperando que ele rompesse aquela mudez instalada entre eles há três semanas.
Ele a olhou de cima a baixo. Analisou aquela pele. Colocou as mãos na bancada. A encarou e ficou esperando que ela falasse algo.Esperou que ela fosse ser a primeira a romper aquela barreira silenciosa.
Se não fosse à impaciência dela eles passariam a manhã toda apenas se olhando, em absoluto silencio, em eterna contemplação, admiração. Mudos e mantenedores de um orgulho que os estavam afastando da intimidade passada.
Ela precisava de dinheiro. E era isso a única coisa capaz de fazê-la perder o orgulho e avançar nas palavras.

Ela queria pedir logo, mas teria que pedir desculpas antes. E isso, embora significasse a derrota, foi o que quebrou o jejum de palavras.

-Me desculpa!

Seca. Simples. E sem sinceridade.

-Só isso você tem a dizer? Não acredito em você! Fala logo a que veio e deixe de lado essa sua modesta tentativa de desculpa!

Ela olhava para ele com raiva. Mas sabendo que era verdade. E sabendo que precisava dele. Disse logo o que queria.

- Me empresta duzentos reais?
E nem esperando a reposta dele, deu a volta ao lado do balcão, e foi em direção ao caixa.

Ele a seguia com olhar.

Abriu, levantou a gaveta, pegou o dinheiro.

Ele foi se aproximando. Analisando o dançar compulsivo das mãos dela, e no momento que ela colocou o dinheiro no bolso traseiro do jeans, ele segurou-a pela cintura.

Fixou os olhos na boca dela. E enquanto ela sentia a respiração dele, entrou com os dedos no bolso e retirou facilmente o dinheiro.

Com o braço parado no ar. E se divertindo com o franzir na testa dela. Aguardou o xingamento.

E diante da passividade e novamente aquele silencio, apenas soltou o braço e foi em direção as mãos dela. Enroscou aquelas notas entre os dedos dela e sem dizer uma palavra afastou-se de cabeça baixa.

Ela sem resistir foi ao encontro do corpo dele. Encostou. Fungou aquele pescoço. Deu a boca. Mas ele se manteve inerte.

-Não posso!

Apenas essas palavras.

Uma repulsa ingrata daquela negativa.
- Será que ao menos você poderia me dizer pra que precisa de dinheiro?

- Vou fazer uma lobotomia para esquecer um rapaz que acabou de se casar!

Balbuciou um adeus entre um ligeiro sorriso e uma piscadela. E saiu deixando o pobre rapaz com o coração acelerado, temendo uma traição e amargando um arrependimento.