sábado, 26 de novembro de 2016

De como nos permitimos endurecer

A primeira vez que um relacionamento meu chegou ao fim eu achei que morreria. Que de tanto chorar eu pararia de respirar de uma hora para outra. Que aquela aflição, aquela angustia de não ter mais o cheiro, a boca, o corpo, a rotina, abriria um buraco no chão e de repente eu deixaria de existir. Mas isso foi a primeira vez, a primeira vez que o amor me arrancou o sono e me colocou em dúvida sobre o que é existir. Depois da primeira vez, da primeira dor, algumas coisitas começaram a germinar no coração: desconfiança, insegurança, amargura...E eu endureci. E da primeira dor para cá o que tem transbordado nesse coração endurecido não é mais amor, é indiferença. Pois é, algo que eu não imaginei surgiu porque não soube lidar com um medo de ter que sentir tudo isso de novo, como se fosse a primeira vez.  

Um comentário:

  1. Eu já aprendi a ser indiferente com muita coisa, mas recentemente descobri que não de todo, ainda não endureci tanto quanto gostaria para não sofrer... Ainda há muito coração em mim... e eu não sei se isso é bom ou ruim!

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